domingo, 26 de abril de 2009

Tentando justificar a preguiça

Depois de uma semana que já começou abortada por um feriadão, tudo correu muito rápido. Afazeres se acentuaram, e, quando vi, já era noite de sexta. Como tudo que é bom acaba rápido, o fim de semana voou. E, agora, me vejo, na noite de domingo, em frente ao meu computador, procurando o que fazer para completar esse dia.

Foi quando pensei: "faz alguns dias que não atualizo o blog. Estou falhando com meus poucos e fiéis leitores". Fiz o login no Blogger e quase caí para trás quando constatei que não escrevia aqui desde o sábado da semana passada. Sem dúvidas, ando bastante relapso. 

Jornalistas são acometidos de uma síndrome engraçada, a da abstinência do texto. Mas, ao contrário dos adictos, que não conseguem ficar sem seu vício, o jornalista, nas horas de folga, foge, igual diabo da cruz, do delicioso exercício da escrita. Pelo menos, eu sinto isso.

Nos meus tempos de faculdade, quando fazia parte do Centro Acadêmico, sempre organizávamos palestras para os calouros se ambientarem com a universidade. Em um dia determinado, reuníamos os neófitos para aprender sobre o curso de jornalismo. Daniel Welman, um dos professores com quem mais aprendi, era sempre convidado a falar e invariavelmente chocava a molecada ao dizer que jornalista não gosta de escrever. "Se você gosta de escrever, vá para Letras", sempre dizia Welman.

Na época tal afirmação me chocava um pouco, mas hoje me faz todo o sentido. O bacana do ofício de jornalista é se sentir parte integrante da história (por mais insignificante que ela possa parecer). É ouvir, conversar, colher informações, visitar lugares, se passar por outros personagens, se colocar na pele do mais favorecido ou do menos inteligente. Trazer para a redação (ou para casa, como fazem os freelancers - categoria na qual me incluo) relatos interessantes, que vão mexer com a vida de uma, algumas ou quase todas as pessoas. É um processo tão bacana que, não tem jeito, dá preguiça de escrever. É como se não quiséssemos voltar para a nossa realidade ferrada e mal paga, que nos acomete no instante seguinte que digitamos o ponto final na matéria e lembramos que temos contas a pagar.

A verdade é só essa. Eu escrevo tanto, o dia todo, tanta coisa que nem me lembro. Respondo e-mails diversos, fecho textos, análises, projetos. Caio na porrada em lista de discussão e comunidades do Orkut. E, quando a escrita tem que ser um mero exercício de prazer, eu acabo ficando meio cansado. 

De uma coisa eu tenho certeza: eu não devia mesmo ter feito Letras, apesar dos três períodos em que estive matriculado em Português-Literatura na UFRJ...

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